quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Nós Bean

A tira da sandália arrebenta no meio da rua, e a calça rasga, e uma pomba nos elege como alvo de suas fezes, e a gente fica preso na catraca do ônibus...
Todos nós temos nossos momentos Mr. Bean. E algumas pessoas têm uma vida Mr. Bean. Ahahaha... Até em sonhos a gente passa por isso. Sabe aqueles sonhos em que a gente se percebe pelado na rua, ou que tá descalço e tal? Então...
Quando era criança tinha muitos sonhos assim... ficava apavorado, envergonhado, desesperado. Não era um momento nada “Bean”. Não era nada engraçado. Tadinho, maaaaagro, gago, envergonhado e pelado na rua. Não dá mesmo pra ser engraçado.

Uma amiga voltou esses dias de uma viagem à Europa. Passou uns dias borboleteando por lá. E lá estava ela toda faceira passeando por umas ruazinhas de Roma quando de repente apareceu uma daquelas vontades que não devem aparecer quando não se está em casa. Uma revolução intestinal, um levante pela liberdade!
Não havia nada por perto, nenhum café, nenhuma lojinha, nenhum boteco sujo que fosse! – Segundo ela não há botecos em Roma. Eu lá seria um homem triste!

Andando rapidinho, provavelmente em passos muito curtos, ela chegou ao metrô Círculo Máximo e lá foi procurar um banheiro. Encontrou. Havia um espaçozinho pra que se colocasse uma moeda em frente a uma porta de metal que se parecia com um elevador. Colocou a moedinha e a porta “blumpst”, se abriu. Era tudo lindo, de metal, as paredes de metal, o vaso de metal - design italiano de vanguarda! - e vários botões colorindo o ambiente. Ela entrou e a porta “blumpst” se fechou atrás dela. Meio claustrofóbica, meio desconfiada, foi cuidar dos seus afazeres por lá. Assim que relaxou uma voz muito alta começou a falar e dar instruções sobre o uso do banheiro hi-tech. Com o susto ela deve ter momentaneamente perdido a concentração, respirou fundo e continuou por lá. E a voz finalmente parou de italianar em altos brados. Ela suspirou aliviada. Mas então outra voz recomeçou tudo e agora em inglês!!!!! Jesuis!! Assim não dá!!! Revirou o zoinho, bufou e tentou se concentrar novamente. Aleluia. Terminou o serviço e foi procurar o papel higiênico. Não havia! NÃO HAVIA!!!!!! Um banheiro chique, que se auto-limpava com vapor em alta temperatura que não tinha papel higiênico!! Será que era pra ela esperar que o banheiro fosse higienizado pra ser higienizada junto?! Imagine a cena!
Bom, mas ela tinha papel na bolsa.
À sua frente havia um botão amarelo para abrir a porta, um azul pra soltar perfuminho no amabiente, um verde para a ventilação... (suspense) Ela se virou e havia acima do vaso sanitário um botão vermelho... Descarga, certo? Não havia nenhum outro botão... E ela, com as calças ainda no meio das pernas, apertou o tal botão vermelho...
Eis que a porta “blumpst” se abre!!! E começa a tocar uma sirene – segundo ela própria igual a dos filmes quando a nave vai explodir em 5 minutos – e muita luzes em volta piscando e um barulhão muito alto e ela ali.. durante 3 eternos segundos de calça no meio da perna ainda sentada no vaso e a gentarada do metrô passando pra lá e pra cá e olhando pra cara dela...

Deve ter sido uma pegadinha italiana. Só pode!
E até agora ela não recebeu nenhum comunicado pedindo autorização pra que a sua vergonha seja divulgada.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Cachorros e porcos

Os animais fazem mesmo parte da minha vida. No Orkut eu sou uma zebra, aqui sou um cachorro beijoqueiro, vivo rodeado de sonhos com animais, eles entram pela minha janela, às vezes me assustam de dentro dos portões quando eu tô caminhando distraído pela calçada... E até meu nome tem bicho: Leandro (homem leão). Tá pensando que sou pouca coisa???? Nem cachorro nem zebra. Leão!

Hoje gostaria de falar sobre duas expressões que eu tenho, nesses últimos tempos, tentado adaptar e adotar para a vida do dia-a-dia: “Não jogar pérolas aos porcos” e “Não chutar cachorro morto”. Na minha opinião são expressões que se complementam. Ao adotadas, nos conferem uma vantagem pouco maléfica, pois a primeira faz com que nos sintamos superiores, e a segunda nos impede de agir deslealmente em função desta superioridade.
Quantas vezes não somos pegos boquiabertos, pasmos, indignados com certos comentários ou certas perguntas? Arregalamos os olhos e a boca fica mole. Na cabeça passa o seguinte pensamento: “Não acredito que ele disse isso” ou “Foi assim que ela entendeu”?

As pessoas não precisam conhecer as mesmas coisas, não precisam pensar da mesma forma, concordar, enfim. Eu sei disso! Mas há situações em que a nossa inteligência é atacada descaradamente. Algumas declarações inocentes, outras muito perigosas. E vem aquela vontade doida de dizer a palavra mágica Catchanga!! e sumir numa nuvem de fumaça pra não ter que continuar a conversa.

-- Eu jogo lixo na rua às vezes porque do contrário os garis não teriam emprego!
-- Eu tenho peixes no aquário e passarinho na gaiola porque se eu os soltasse eles morreriam de fome!
-- Pode comer o bicho da goiaba. Ele é da própria Goiaba. É verdade!
-- Sabia que mortadela é feita de carne de cavalo?
-- Ele é negro, mas é legal! (neste caso “negro” pode ser substituído por “gay”, ou “gordo” ou “feio”.

Na falta da nuvem de fumaça a gente “faz a egípcia”, finge que não tá ali, que é invisível! Respiramos fundo e ainda tentamos com a maior das boas vontades, com muita calma e sendo amáveis... mas as coisas pioram e levamos mais uma martelada no zóio.

E aí que, combinadas, as expressões citadas no início do textinho nos são tão úteis. Fazem com que nos sintamos superiores e verdadeiramente nobres.
Pra ficar mais fácil é melhor ressuscitar o cachorro e juntar com o porco num único animal. Criando talvez um “porcorro” ou um “cachorco”. E darmos a ele não os restos de comida, porque isto seria desleal, mas compartilhar uma marca de ração da qual ambos gostemos. Quem sabe fazer um convite pra chafurdar logo ali. E talvez, numa hora dessas, dando voltas correndo atrás do rabo e rindo feito bobos, como quem não quer nada, a gente volte ao assunto e consiga algum progresso.

As pessoas, a maioria delas, podem melhorar ao longo da vida. Tenho um amigo que aos 15 anos se trancava com um gato na garagem para torturá-lo prendendo pregador de roupa na orelha do bichano. Hoje é uma das pessoas mais humanas, carinhosas e doces que conheço.

Procê ver!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Calores

Ontem à noite, depois de uma discussão saudável, que acabou por não concluída, a respeito do filme “A massai branca”, fui pra cama tentar dormir. E os insetos do filme me perseguiram. Com o calorão que anda fazendo esses dias, ando dormindo de janela aberta, e os bichos - sempre presentes na minha vida - andam abusando da minha paciência.
Uma cigarra atrevida invadiu meu quarto!
Tenho um certo pavor de bichos desde que uma barata, lá pelos meus 15 anos, entrou no meu ouvido. (Fato que merece um texto especial, portanto não vou me alongar nisso). E lá fui eu tentar salvar a pobre da cigarra. Salvei? Acho que não salvei... assim... exatameeeente. Eu a joguei pela janela! E com um remorso que me é habitual, fiquei aqui do quarto andar olhando pra baixo pra ver se ela estava bem. (Preocupaaado)

Depois fiquei um tempinho enrolando meus caracóis: a pobre fica anos enterrada, se liberta, canta feito doida por uns dois dias, dá uma transadinha e morre! Isso é vida?!
Mas pensei: não deve ser uma transadinha qualquer, deve ser uma transada louca, intensa, com muita gritaria e asas batendo e faíscas iluminando o mundo!
Devem morrer de felicidade.
Até nós, humanos, depois de um coito de qualidade temos esta vontade boa de morrer, ou – menos trágico – de dormir pra sempre. Mas é uma coisa positiva. Talvez morrer seja uma sensação agradável. De alívio. Afinal, “viver é doer”, não é, Bandeira?

Pra nossa sorte, o coito perfeito não é o fim. Temos a chance de repetir. Temos a chance do “biscoito perfeito”, temos a oportunidade de incrementá-lo, e de conferir se realmente foi perfeito.
Como conferir? Como confirmar? Experimentando... experimentando... comparando.

A moça loira do filme se enfiou no meio de uma tribo Massai, no meio de uma reserva no Quênia, pra viver com um nativo. Foi incendiada por uma paixão pirotécnica!
Isso sim é que é se dar o direito de experimentar!

A nossa vida dura mais que a da cigarra. Mas ainda assim é curta.
O negócio é acender o rojão e se preparar pro estouro!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Preludiozinho

O dia começa lindo com um Chopin(zinho) tocando bem alto. O Chopin tocando e um chupim cantando. Não. Não moro no mato.
Haveria alguma ligação entre o Chopin e o chupim?? Hum... Difícil, né? Mas seria material rico para um poeta. Dá até pra imaginar o músico polaco tocando seu piano e, posado à sua frente, o pássaro “azul violeta quase preto”- como bem coloriu a Wikipédia – acompanhando a música com seus acordes canoros. Aliás, poeta já é o autor da definição que diz também sobre o pássaro : “Seu vôo é digno e seu canto é lindo. Conseguem se comunicar com sua família e retribuir carinho através de gritos.”

Acho mesmo, sem ironia, que o autor da definição é um poeta. Mas não posso deixar de ter uma louca vontade de brincar com essas palavras. Mesmo porque acredito que é o que a poesia tem de mais rico: esse encontro incomum de palavras, de adjetivos que saltam do texto e fazem cócegas na nossa imaginação.

“Seu vôo é digno”. O que seria um vôo digno?! As empresas aéreas primam também por um vôo digno. Os indignos acabam em tragédia!!
No numdo dos pássaros eu acho que não há vôo indigno... Pássaro capenga nem voa... Para voar o pássaro tem que ter um design perfeito, tem que ter as suas formas em perfeita harmonia. Os vôos são precisos, pousam nos fios de alta tensão, no pico das árvores, apanham peixes dentro da água e seguem vôo como se estivessem apenas suspirando. A galinha e o avestruz não voam. A galinha até dá uns saltitos indignos e bate as asas.. mas xi... nada parecido com vôo, nada que um homem não faça com um pouco de treino (Que desrespeito à natureza da galinha! Perdão, galinhas!). O vôo é sempre algo imponente. Os que voam – com as próprias asas ou com as dos outros- se sentem sempre superiores aos que estão aqui no chão. Até a pomba, que tem um ar de pássaro pouco nobre, deve voar e dizer nas praças:”Me assusta e corre atrás de mim, criança ranhenta! Mas eu posso voar e você não! Ahahhaha”... só que o ahahahah delas é grulululuglululu grulululuglululu. Passam a vida a rir de nós.

E o que dizer de “Conseguem se comunicar com sua família e retribuir carinho através de gritos.”? Tenho umas vizinhas aqui que devem se adorar muito. São carinhosíssimas! Inclusive de madrugada. É tanto afeto entrando pela minha janela em carinhosos decibéis!
As pessoas deveriam levar isso adiante e tentar entender de outra forma os berros dos côjuges, dos pais, da irmã histérica, dos filhos adolescentes e ingratos – redundante este útimo exemplo, né? Adolescentes são sempre filhos ingratos!

Meu dia vai se seguindo. Os Chupins não me acompanharão durante todo o tempo, infelizmente. Mas vão deixar no meu dia um gostinho de piano voando elegantemente.
Vamos brincar de imaginar um piano voando elegantemente? E se imaginarmos o Chopin tocando piano voando elegantemente e gritando com o chupim e eles no maior bate-boca carinhoso que parece uma canção? Que legaaaaal!!...

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Adentrando...pé-ante-pé (Mataram mesmo o ífem?)

E clica e aperta e cola e copia e volta e avança e sofre tanto! E confirma senha e repete o e-mail e consulta código postal e digita dica de senha e são oferecidas 63 opções pra possível ocupação do usuário - o que constrange os usuários que não têm ocupação - e impede que se seja anônimo - a não ser que se digite no respectivo campo : "Anônimo de Lugar Nenhum”.
Uma dificuldade!
Pra criar este Blog tô penando! E eu nem sou um excluído digital! Imagina então o meu pai aqui levando a sério a história de “crie fácil seu blog!”
Ou não é fácil ou eu sou muito tchongo!

É sina... é sina!!
Sempre me enrolo nas coisas. E as coisas sempre fogem de mim. Tudo tem um caminho longo, umas complicações, porta fechada, link que não abre, página não encontrada, opção não habilitada, área restrita a assinantes.
Eita coisa!

E agora só de raiva eu vou ficar escrevendo “qualquer coisa”. Só pra atormentar.

Atormentar quem? Eu mesmo. Auto-punição. Coisa de solitário. Tem muitas coisas que faço com raiva e que acabam sendo boas pra mim. Vou pra academia e fico meia hora na esteira de raiva, levanto uns pesos, me entorto e faço careta de rai-va. Lavo louça de raiva e penduro as roupas no varal só de raiva.
Quem dera isto me levasse mais longe, hein?! Imagina só eu aprendendo outras línguas no tempo livre só de raiva! Terminando o interminável “Irmãos Karamazov” só de raiva! Já imaginou? Fazendo cócegas em gente mal humorada só de raiva da cara feia.
Os justiceiros são assim. Mais forte que o senso de justiça é a raiva.

Cuidado comigo, Blogspot! Se eu cruzo com você nas quebradas te dou uns catiripapo!!! Tá pensando que é quem pra dificultar tanto assim a minha vida?
Facilita as coisas aí e torce pra minha raiva passar!!
Já foi um sonho - não de desejar, sonho dormindo mesmo, sonho de desejar eu acho uma vergonha, a gente nem deveria compartilhar. Já tentou ser uma grife - exemplo de sonho que a gente não deve compartilhar. Já foi parte de um monólogo - que não foi encenado (continua no desejo, né?). Já foi assunto de tarepia, tema de conversa fiada com amigos e reflexões mil. E hoje vira brog, breg brega bloc ploc plets bubaloo!. As coisas tomam forma na vida. Sem que a gente controle ou se dê conta. Coisa de lôco!