domingo, 9 de novembro de 2008

Ao ringue! E avante!

Mais uma vez o dia foi salvo pelo cinema.
Gosto da vida. Mas às vezes tenho a impressão de que gosto mais do cinema. Rsss... Ou talvez goste da vida porque lembre o cinema ou do cinema porque lembre a vida. Uma dialética deliciosa.

Com a maravilha dos infinitos canais de filmes da TV a cabo, acabo tendo contato com títulos que não passam por aqui. Com exceção talvez dos que pipocam na Mostra internacional de cinema de São Paulo. Mas muitos deles não entram em cartaz nem mesmo no circuito culturets de Sampa.

Como vejo uns três ou quatro filmes na semana fica difícil escrever uma quase resenha sobre todos eles dizendo o quanto me acrescentam e complementam o que o pão e água não dão aos meus dias. Mas vale a pena me esforçar e tentar.

Beautiful Boxer”, me deu bons momentos de felicidade. Mais um título que eu vou incluir na lista dos filmes para indicar aos que têm problemas com a própria sexualidade, ou com a sexualidade das outras pessoas. São filmes que todos deveriam ver... Os pais, os filhos, os que um dia terão filhos, os irmãos...
Devo tocar no assunto outras vezes e indicar mais títulos.

O que este filme tem de mais interessante e que o diferencia dos demais é que ele une universos antagônicos de uma forma deliciosa, delicada e com pompa na medida certa.

O que dizer de um adolescente em Bangkok que se percebe homossexual, que tem vontade de se transformar em mulher e que acaba por se tornar um lutador de boxe tailandês, sem, contudo, deixar as questões de sua sexualidade de lado?
Coisa absurda! De onde este roteirista tirou tal asneira? Quem poderia levar a sério este disparate de filme?!
Eu levei. E me deliciei. O filme é divertido e leve sem deixar de tratar com seriedade os sentimentos das pessoas e os seus conflitos. Surpreendente. De cara resisti, mas dois minutos depois relaxei e fui expectador: a minha função predileta em frente à tela do cinema. (no caso, da TV).

O curioso foi que hoje, domingo, 09/11, no intervalo dos meus estudos (sim, estou estudando até aos domingos!!) , eu comecei a ver um programa que adoro.. TABU. Que fala de... tabus, oras... Rsss... das diferenças entre culturas, ente pessoas que estão lá e cá dos meridianos, e às vezes sobre as diferenças entre quem está do lado de lá ou de cá da rua.
O tema deste dia era “Mudança de Sexo”. E blá blá blás super interessantes e tal. E chegam à Tailândia, Bangkok, e vão tratar do caso de um transexual que conseguiu o respeito das pessoas de uma forma diferente. Como fez isso? Percebendo seu talento para as artes marciais e se tornando lutador de Muay – thai. (Boxe - tailandês).

É mole?
Estavam falando do próprio rapaz do filme!
As cenas das lutas que eu tinha visto e que pareciam tão surreais eu agora estava vendo num documentário. Imagens gravadas há anos. O rapaz maquiado e acabando com seus adversários. Dezoito nocautes impiedosos.
Quando entravam no ringue, os adversários tentavam ridicularizar o rapaz todo delicado tentando beijá-lo no rosto. Ao final da luta ele, bem humorado e rindo à platéia extasiada, ia até o adversário e lhe dava uma bitoca.

Me fez pensar, mais uma vez, no mundo em que vivo. Um mundo em que as pessoas se importam com o meio ambiente, com a qualidade do ar, com o desenvolvimento sustentável, com o futuro das crianças, com as crises econômicas, com a violência... e ainda têm tempo de se dedicar a interferir na vida das outras pessoas. Têm tempo de se dedicar a atrapalhar a felicidade alheia. Saem de suas casas para votar contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo na Califórnia, fazem excursões a Brasília para fazer protesto contra a união civil de pessoas do mesmo sexo, enfim, dedicam seu tempo a aporrinhar a vida alheia. O que faz com que tantas pessoas tenham que entrar no ringue e apanhar e apanhar e lutar... e lutar. Um esforço gigante pelo direito de serem elas próprias.

Um comentário:

  1. Já o meu domingo foi salvo pelo Satyros... e pela Grind... e por outras coisas mais... bom, enfim, o que importa é que ele foi salvo! rsrsrs

    Quanto às minhas músicas, não é "vergonha de ouvir". É vergonha do que é dito nas musicas! rsrsrsrs Vergonha deu ouvi-las eu não tenho não! O que eu tenho sim vergonha (mas ouço DIRETO) é Bryan Adams... e outras coisas deste naipe. rsrs

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