terça-feira, 18 de novembro de 2008

Flerte com a ficção

Um vulto se aproxima e quase molha minha orelha:

_ Você é muito bonito, sabia?
_ Obrigado! - No susto, sempre rola uma simpatia espontânea.
_ Muito gatinho mesmo.
_ Obrigado! – Como quem diz “tá bom... já falou!”
_ Você tem um sorriso lindo! Um sorriso maroto... E essa barbinha então... Hummm...
_ Hãn! – Som de quem não quer conversa.
_ Faz tempo que eu to de olho em você.

Eu só sorri sem desgrudar os lábios e levantei as sobrancelhas como quem diz... “que coisa, não?!”. E ele continuou...

_ Você é de onde?
_ Sou daqui.
_ Daqui onde?
_ Daqui. Daqui. – Apontei para o chão. A impaciência estava escapando.

_ Você tem olhos lindos. Amendoados. Profundos. Ascendência oriental?
_ Não.

Eu com olhar dizia “Olha, sua abordagem é péssima e eu não estou a fim de papo.”

_ Eu acho que o olhar diz tantas coisas. Ainda mais olhos como os seus.

Pelo visto meu olhar dizia coisas que os olhos dele não ouviam. Sinestesia de araque!

_ Difícil conhecer carinhas assim, como você... simpáticos, agradáveis.

Meu Deus, mas eu não havia dito nada até então!!!! É o cúmulo da simpatia fazer cara feia, ficar em silêncio e ainda passar por simpático.

_ Coisa doida, né?
_ É. – A que ele se referia???
_ A gente se cruzar aqui, assim... Quem diria?

Eu e meu olhar incrédulo.

_ E eu que dava minha noite por perdida.

O cara viaaaaaja!

Uma das portas se abriu e chegou a minha vez de ir ao banheiro. Acenei com um gesto indefinido e parti.
Ao longo da noite nos cruzamos mais umas duas ou três vezes. Sempre via aquela cara “Olha eu aqui outra vez!”, “Mundo pequeno, hein?!”, “Pelo jeito o destino quer mesmo que a gente se cruze!”.

Os minutos correram. A noite e o álcool levantam todos ao mesmo nível.

Houve um momento em que por segundos nos olhamos mais demoradamente. Não sei o que me deu.
Sorriu pra mim. Um sorriso matinal na minha madrugada barulhenta. Um sorriso de cumplicidade que talvez tentasse dizer “Que loucura a nossa... aquele romance na fila do banheiro. A gente é doido, né? Noite doida!”

Romance? Mas ele estava praticamente falando sozinho.

E eu mal pensei e já amassei e joguei fora, testemunhando a luta do sensível contra o insensível... “Sim, noite doida!”.

3 comentários:

  1. Hahahaha isso não é sensibilidade vs insensibilidade. Isso é sanidade vs maluquice!!! hahahahaha. E falando nisso, Leandro, você vai lá no domingo? Na Grind? Se sim, me avisa e me diga se vai mais alguém (pra eu por na lista de 15,00 e tentar por na VIP, se eu conseguir, rsrsrs)

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  2. Nossaaaaa!

    Eu nunca havia entrado no seu blog, você escreve quase todos os diaaaaaaassss, como consegue?
    Além de do fator tempo.
    Existe o fator inspiração.

    Lí varios, gostei de muitos.

    Voltei neste para você poder ler meu comentario, rs.

    Tenho saudade de você e para não perder o costume, um, dois e três, levanta o braço, palminha três vezes, outro lado agora...

    bjus.

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  3. ahuahau
    é bem por aí...

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