quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Se rebolar é viver eu vivo porque rebolo você.

Aquele solzão torrando meus ombros, o copo suado da cerveja pingando na minha barriga uma gotinha gelaaaaada... meu umbigo inundado...
Onda vai, onda vem.
Passaram por mim “Hermes de Biquíni”, passaram “As quatro bichas fantásticas”, “O senhor com o refletor”, “A pequena menina de 1,80 m”, “O feio que só tinha amigos bonitos”, “O Homem chorão”... Passou o mundo por lá naquele dia.
No cantinho havia “O tambor do ombrinho e do biquinho”.
Passou por lá o vendedor de bugiganga e eu comprei uma pulseirinha. Pedi para que o rapaz a amarrasse no meu braço direito, fiquei assistindo e sorrindo. Ele me perguntou:

_ Tá feliz, é?
_ É... Tô... E tenho certeza de que tem gente me esperando voltar pra casa com uma pulseirinha nova no pulso.

O Rafa não é lá muito de prestar atenção em detalhes. Mas acabou notando e dizendo num misto de elogio e deboche:

_ Hummm...Outra pulseirinha!!

Acho que no fundo voltei de Salvador meio árvore de natal, coberto por pulseiras e braceletes, anéis de mil brilhos, tornozeleiras, colares, tatuagens por todo o corpo e até tererê e rastafari nos cabelos que não são lá muitos.

Sempre que viajo à praia eu entro num clima caiçara. Acho um charme voltar pras terras de cá com um ar praiano, colarzinho, bronzeadinho, pulseirinha, tatuagem.
Semanas depois eu enjôo do colar, as pulseiras ficam fedidas, a tatuagem desaparece, o bronzeado some e eu volto a ser como antes.

Voltei com apenas uma pulseirinha de pano, mas a memória veio cheia de jóias.
A memória dos metais dura mais.

Estava lá sozinho, sem conversar, com tempo para observar.
E fiquei a observar, observar, observar... e a sorrir para as coisas e para as pessoas... das coisas e das pessoas... e a me emocionar com elas.

Sou um ateu de araque. E por isso vejo Deus em várias situações, em vários momentos.

Deus tava por lá. O vi de relance várias vezes se esgueirando pelos coqueiros, pelos pilares dos quiosques, servindo cerveja para algumas mesas. Caso ele exista mesmo, deve estar em lugares como este, e não nos mosteiros sombrios e escuros, castigando e punindo as pessoas. Acho mais provável que esteja ao lado dos felizes reboladiços e não ao lado das carolas preconceituosas e de coração peludo que são incapazes de um gesto de amor ao próximo.

Pelo que tenho ouvido das pessoas com quem falo pelo meu encanto com Salvador, todo mundo volta de lá “meio assim”... Eu acho que voltei “três quartos assim”... no mínimo.
Parece que lá houve um encaixe, parece que os meus botões se fecharam mais facilmente, escorregaram casa adentro, e eu fiquei alinhado, ereto.

Estou com a impressão de que Salvador é salvador mesmo. E eu que nem achei que estivesse precisando ser salvo nestes tempos.

2 comentários:

  1. tá, xo ver se entendi.... você foi a salvador e ficou ereto lá? Foi isso?

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  2. Aahahahahhaha...
    Apele um pouco para a poesia neste sentido. Ereto = justo, Firme, vertical, alinhado.
    Entende? Seu mente suja!

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